Criança com doença rara no crânio passa por 4ª cirurgia para evitar danos ao cérebro em MT

Eloá Marinho ao lado de dois raios X que mostram os pinos colocados no crânio para permitir o desenvolvimento do cérebro Reprodução Uma menina de 6 anos, m...

Criança com doença rara no crânio passa por 4ª cirurgia para evitar danos ao cérebro em MT
Criança com doença rara no crânio passa por 4ª cirurgia para evitar danos ao cérebro em MT (Foto: Reprodução)

Eloá Marinho ao lado de dois raios X que mostram os pinos colocados no crânio para permitir o desenvolvimento do cérebro Reprodução Uma menina de 6 anos, moradora de Cuiabá, enfrenta desde os primeiros meses de vida uma condição rara que compromete o crescimento do crânio e exige acompanhamento médico constante. Diagnosticada com cranioestenose ainda bebê, Eloá de Souza Marin já passou por três cirurgias de alta complexidade e tem uma quarta operação prevista para fevereiro de 2026. Ao g1, a mãe da criança, a analista financeira Heuma de Souza Borges, contou que o diagnóstico veio em 2020 quando Eloá tinha apenas três meses de vida, após ela perceber alterações no formato do rosto da filha. “Eloá nasceu com um rostinho diferente e aí começou a minha luta para descobrir o que ela tinha. Com 4 meses precisei entregar ela em um centro cirúrgico, porque a cranioestenose dela era bem severa”, disse. 📱 Baixe o app do g1 para ver notícias de MT em tempo real e de graça Segundo Heuma, Eloá passou pela primeira cirurgia logo após o diagnóstico, procedimento que evitou sequelas graves. No entanto, após a intervenção, a criança passou a apresentar um estufamento acima do olho, que posteriormente foi diagnosticado como encefalocele — quando parte do tecido cerebral se projeta para fora do crânio. “Ela é uma doença que o crânio calcifica. Sabe a moleira da criança? A dela já nasceu fechada. Se não abrisse, o cérebro não tinha espaço para se desenvolver”, contou. Raio-x do crânio da Eloá Reprodução Já em agosto de 2021, a menina passou pela segunda cirurgia, em São Paulo, após a família buscar atendimento especializado. Apesar da expectativa de resolução, ela voltou a apresentar sintomas, e exames oftalmológicos confirmaram aumento da pressão intracraniana. “Nesse ano ela começou a apresentar alguns comportamentos estranhos. O oftalmologista percebeu que ela estava tendo pressão intracraniana. É como se tudo que eles tivessem feito para dar espaço para o cérebro dela desenvolver não tivesse sido suficiente”, explicou. A terceira cirurgia foi realizada em agosto do ano passado e teve como objetivo aliviar a pressão no cérebro. Mesmo assim, o tratamento ainda não foi concluído. Agora, a pequena Eloá precisará passar por uma nova etapa cirúrgica, que também será realizada em São Paulo. “É uma cirurgia bem invasiva, é abertura de crânio, refaz toda a parte do crânio. Então é muito arriscada, é uma cirurgia bem complexa. O procedimento deve aliviar a descompressão do crânio e deixar espaço para que esse cérebro se desenvolva sem causar nenhum dano neurológico”, pontuou. Veja os vídeos que estão em alta no g1 Apesar das dificuldades, a mãe destaca que a filha não apresenta sequelas neurológicas, o que considera uma vitória após anos de tratamento. Agora, a expectativa é que a próxima cirurgia encerre esse ciclo de intervenções médicas e permita que a menina tenha uma vida sem novas limitações. “Meu maior sonho é encerrar esse capítulo da vida dela e dizer: ‘Essa é a última e daqui pra frente você vai para a vida”, concluiu. Eloá tem 6 anos e foi diagnosticada com a condição aos três meses de vida Reprodução Entenda a condição A cranioestenose é uma condição rara em que uma ou mais suturas do crânio do bebê se fecham prematuramente. Essas suturas são articulações flexíveis que permitem que o crânio cresça à medida que o cérebro se desenvolve. Quando o fechamento ocorre antes do tempo, o crescimento ósseo pode ficar comprometido, levando a alterações na forma da cabeça e, em casos mais graves, aumento da pressão intracraniana. A doença pode afetar apenas uma sutura — chamada de cranioestenose simples — ou múltiplas suturas, conhecida como cranioestenose complexa. Entre os sinais mais comuns estão: deformidade do crânio; assimetria facial; problemas de visão; desenvolvimento cognitivo; dificuldades neurológicas. Caso não seja tratada de forma adequada e em tempo hábil. O tratamento geralmente envolve cirurgia para corrigir a forma do crânio e permitir o crescimento normal do cérebro. A cranioestenose é considerada rara, afetando aproximadamente 1 a cada 2,5 mil recém-nascidos. A condição pode ocorrer isoladamente ou estar associada a síndromes genéticas específicas, tornando o acompanhamento especializado fundamental desde os primeiros meses de vida.