Tio de advogada suspeita de tortura teve nome usado para abertura de conta bancária após não pagar empréstimo, dizem familiares

Vídeos mostram ação de suspeitos de tortura, extorsão e agiotagem, em Goiás O tio da advogada Tatiane Meireles, presa suspeita de tortura, agiotagem e exto...

Tio de advogada suspeita de tortura teve nome usado para abertura de conta bancária após não pagar empréstimo, dizem familiares
Tio de advogada suspeita de tortura teve nome usado para abertura de conta bancária após não pagar empréstimo, dizem familiares (Foto: Reprodução)

Vídeos mostram ação de suspeitos de tortura, extorsão e agiotagem, em Goiás O tio da advogada Tatiane Meireles, presa suspeita de tortura, agiotagem e extorsão, teve o nome usado para abrir uma conta bancária após não pagar um empréstimo. O dinheiro foi emprestado pelo marido da sobrinha, sargento Herbert Francisco Póvoa, conhecido como Mike Póvoa, informaram familiares que não quiseram se identificar. O tio da advogada também foi preso na operação “Mão de Ferro”, última sexta-feira (28), junto com a advogada, policiais militares e empresários suspeitos de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro, em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal. ✅ Clique aqui e siga o perfil do g1 Goiás no WhatsApp A defesa da advogada Tatiane Meireles informou, por meio de nota, que respeita o sigilo e a regularidade das investigações. Portanto, não irá expor detalhes do processo. Entretanto, a defesa afirma que “a verdade prevalecerá no tempo adequado, restabelecendo a justiça, a serenidade e a integridade profissional de Tatiane Meireles” (confira a nota completa ao final da reportagem). O g1 não teve contato com a defesa de Herbert Francisco Póvoa. Segundo a Polícia Civil, a organização oferecia empréstimos com juros abusivos e utilizava métodos violentos para cobrar os valores. Um vídeo obtido pela TV Anhanguera mostra o sargento Herbert Póvoa e a advogada Tatiane ameaçando e agredindo uma das vítimas com um taco de beisebol (veja acima). Degundo os familiares, a advogada e o marido se mudaram para casa ao lado da casa do tio há cerca três anos. Depois, o sargento fez um empréstimo para o tio da advogada a fim de quitar uma dívida do idoso. Entretanto, o sargento cobrava juros em cima desse empréstimo e o tio não conseguiu quitar a dívida. Por conta disso, Herbert teria colocado o tio da advogada para abrir uma conta para o sargento movimentar. A família informou que o tio tinha o nome usado para abertura da conta bancária sem saber para quais atividades ela seria usada. Ele também não tinha acesso a essa conta, informaram. Os familiares relataram ainda que o tio da advogada vivia da aposentadoria e do rendimento de um pequeno bar que mantinha no lote em que morava. Entenda o caso A advogada Tatiane Meireles, o marido dela, o sargento Herbert Francisco Póvoa, outros policiais militares e empresários foram presos suspeitos de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro. O grupo é suspeito de movimentar mais de R$ 7 milhões, em dois anos, oferecendo empréstimos com juros abusivos e utilizando métodos violentos de cobrança. Às autoridades, testemunhas relataram terem sido intimidadas com uso de armas, ameaças e até agressões físicas. As vítimas contaram que viviam com medo constante e sofreram pressão psicológica. Os investigados passaram por audiência de custódia no sábado (29) e permanecem presos. Casal de sargento e advogada é alvo de operação da Polícia Civil, em Goiás Reprodução/Instagram de Mike Póvoa e Tatiane Meireles Em nota, a Polícia Militar de Goiás (PM-GO) afirmou que os militares foram presos durante a operação. “A Corporação não compactua com desvios de conduta e reitera seu compromisso com a ética, a legalidade e a transparência. As medidas administrativas cabíveis já foram adotadas e seguirão em estrita observância às normas internas”, destacou o texto (leia na íntegra ao final do texto). A Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Goiás (OAB-GO) também se pronunciou sobre o caso e determinou o afastamento preventivo da profissional de suas funções institucionais. “A conduta relatada é absolutamente incompatível com a ética, a dignidade e os princípios que regem a advocacia”, diz um trecho do comunicado (leia na íntegra ao final do texto). Vídeos mostram os métodos violentos de cobrança Operação mira grupo suspeito de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro Reprodução/TV Anhanguera Os vídeos obtidos pela TV Anhanguera mostram o sargento Herbert e a sua esposa, a advogada Tatiane, ameaçando e agredindo um homem com um taco de beisebol (no início do texto). “Você vai ver como funciona em Goiás”, afirmou o militar na filmagem. Outro vídeo mostra o sargento ameaçando um homem com duas armas de fogo, enquanto a vítima chora e pede desculpas. "Ajoelha, ajoelha, agora!", gritou Póvoa. Outras imagens mostram o militar ameaçando mulheres ao cobrar dívidas, uma delas é enforcada por ele, enquanto outra tem uma arma apontada para a cabeça. LEIA TAMBÉM: Advogada suspeita de tortura, extorsão e agiotagem foi presidente da comissão de Direitos Humanos da OAB Entenda o caso da advogada e dos PMs presos suspeitos de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro VÍDEO: Advogada envolvida em esquema de agiotagem e tortura com PMs faz oração sobre dinheiro: 'Agradeço, senhor, pela prosperidade' Operação “Mão de Ferro” A Operação “Mão de Ferro” foi realizada na sexta-feira (28). A ação mobilizou cerca de 80 policiais civis para o cumprimento de mais de 10 mandados de busca e apreensão e nove mandados de prisão. Segundo a polícia, foram alvos da operação o líder da organização criminosa, bem como financiadores e executores das cobranças violentas. Além disso, a corporação informou que a advogada atuava na “blindagem jurídica” do grupo e participava das cobranças contra as vítimas. Os investigados devem responder pelos crimes de organização criminosa, usura (agiotagem), extorsão, lavagem de dinheiro, entre outros. Nota da defesa da advogada Tatiane Meireles A defesa da advogada Tatiane Meireles, eleita e escolhida durante a atual gestão da Subseção da Comarca de Luziânia como Presidente da Comissão de Direitos Humanos, vem a público esclarecer as informações recentemente divulgadas acerca de sua prisão em um procedimento pré-processual, ainda em fase inaugural, que investiga suposto crime de tortura. É imprescindível destacar que Tatiane Meireles exerce a advocacia há mais de duas décadas na Comarca de Luziânia, sempre pautada por retidão, ética e absoluto respeito às instituições. Nos primeiros cinco anos de sua carreira, atuou como uma das principais advogadas dativas da cidade, prestando assistência jurídica a pessoas hipossuficientes e contribuindo decisivamente para a efetivação do acesso à Justiça. Durante toda sua trajetória profissional, jamais houve qualquer denúncia, fato ou conduta que desabonasse sua imagem, pelo contrário, sempre desempenhou sua função com dignidade, honradez e firme compromisso com a defesa dos direitos humanos, razão pela qual foi legitimamente escolhida para presidir a referida comissão. Os fatos em apuração possuem camadas profundas e complexas, e, por respeito ao sigilo e à própria regularidade das investigações, a defesa não irá expor detalhes neste momento. Contudo, reafirma-se a convicção plena de que a verdade prevalecerá no tempo adequado, restabelecendo a justiça, a serenidade e a integridade profissional de Tatiane Meireles. Ressalta-se, ainda, que no Estado Democrático de Direito ninguém pode ser julgado antecipadamente, muito menos em procedimento ainda em fase pré-processual. A advogada permanece à disposição das autoridades competentes e confia integralmente nas instituições responsáveis pela condução do caso. Nota da Polícia Militar do Estado de Goiás A Polícia Militar do Estado de Goiás informa que, a partir do compartilhamento de informações entre as forças de segurança, a Polícia Civil deflagrou operação na cidade de Luziânia, resultando na expedição de mandados de prisão contra três militares e outros suspeitos, investigados pelos crimes de extorsão, agiotagem e demais delitos correlatos. A Corporação não compactua com desvios de conduta e reitera seu compromisso com a ética, a legalidade e a transparência. As medidas administrativas cabíveis já foram adotadas e seguirão em estrita observância às normas internas. A Polícia Militar do Estado de Goiás permanece colaborando integralmente com as investigações, a fim de esclarecer todos os fatos no âmbito judicial. Assessoria de Comunicação Social 5ª Seção do Estado-Maior Estratégico – PMGO Nota da OAB-Goiás A Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Goiás (OAB-GO), por meio da Subseção de Luziânia, repudia, com veemência, o suposto envolvimento de uma advogada em um caso de agressão ocorrido no municipio. A conduta relatada é absolutamente incompatível com a ética, a dignidade e os princípios que regem a advocacia, especialmente o compromisso da profissão com a legalidade, o respeito aos direitos fundamentais e a preservação da integridade física e moral de qualquer pessoa. Diante da gravidade da situação, a Subseção determinou o afastamento preventivo da profissional de suas funções institucionais. Paralelamente, a Seccional informa que instaurará procedimento ético-disciplinar no âmbito do Tribunal de Ética e Disciplina, a fim de apurar os fatos com rigor, assegurando o contraditório e a ampla defesa, como determina o devido processo legal. A OAB-GO deixa claro que não compactua com quaisquer praticas de violência, abuso ou desvio de finalidade no exercício da advocacia e seguirá atuando com firmeza para preservar o prestígio, o respeito e a responsabilidade social da advocacia goiana. 📱 Veja outras notícias da região no g1 Goiás. VÍDEOS: últimas notícias de Goiás